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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Uma Mãe Mostrando que o AMOR é Mais Poderoso que o Ódio

Fonte: http://br.mulher.yahoo.com/m%C3%A3e-faz-s%C3%A9rie-de-fotos-mostrando-os-coment%C3%A1rios-racistas-feitos-para-suas-filhas-213622004.html


A mãe adotiva Kim Kelley-Wagner ensinou as filhas a não odiar as pessoas que as discriminam, pois considera que elas o fazem por ignorância e não por maldade (espero que ela tenha razão nisso). É admirável a sabedoria dessa família na forma de reagir aos comentários preconceituosos. Elas são pessoas lindas, elas mostram que combater o ódio com ódio não funciona. É necessário amor pra superar o ódio, pois o amor é infinatamente mais forte.

Uma lição de vida. Segue reportagem.

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Mãe faz série de fotos mostrando os comentários racistas feitos para suas filhas



Quando Kim Kelley-Wagner adotou duas meninas chinesas, hoje com 13 e 17 anos, ela nunca imaginou que sua família atrairia tanta atenção. Por isso, a enxurrada de comentários ignorantes e hostis que ela recebia todos os dias acabou a chocando. Mas ao invés de ignorar as críticas, Kelley-Wagner criou uma série de fotos estrelando suas filhas, esperando mostrar ao mundo como as palavras podem machucar.



 
Filha de Kim posa com a frase: Sua mãe é uma santa por querer você. (Foto: Reprodução)


Kim, 55 anos, diretora de comunicações em uma escola na Virginia, EUA, nunca se casou, mas sempre soube que queria filhos. Sua vida mudou depois que viu uma foto pequena acompanhada de uma história sobre órfãos chineses na revista Time. “Era uma foto de seis bebês sentados em círculo no chão, e uma tinha uma expressão incrívelmente séria”, Kelley contou ao Yahoo Mulher. “Aquela imagem ficou na minha cabeça.” Na época, a China era um dos poucos países que permitia que solteiros adotassem crianças, então alguns anos depois, em 2001, Kelley-Wagner adotou a pequena Liliana, de 10 meses, e em 2008 ela adotou Meika, com 2 anos de idade e necessidades especiais, pois havia nascido com fenda de pálato e lábio leporino.

“Os comentários vieram desde o início”, conta Kelley-Wagner. “Nós estávamos fazendo compras, e os funcionários dos caixas ou vendedores diziam coisas do tipo ‘Quanto ela custou?’ ou ‘Você poderia comprar um carro com o dinheiro que custou para adotá-la’ E eu dizia, ‘Você está interessado em adotar?’ Se a pessoa dizia que não eu respondia ‘Então porque você está me perguntando?’. A minha resposta fazia as pessoas pensarem um pouco, e talvez até considerarem o impacto de suas palavras e pedirem desculpas.”

Perguntas e comentários direcionados para mães e para as meninas variavam entre racistas, preconceituosos ou simplesmente sem a noção de estarem magoando. Kelley-Wagner lembra de algumas: "Eles odeiam meninas no país de onde você vem, você sabia?”, “Por que você não se parece com sua mãe?”, “Sua mãe é uma santa de querer você”, “Você é uma bonequinha de porcelana chinesa!”, “Mas quais são os problemas emocionais delas?” e “Por que trazer mais imigrantes para nosso país?”

“Certa vez, estávamos no mecânico e o rapaz do caixa falou para uma das meninas: ‘Você sabe que ela não é sua irmã de verdade, né?’”, Kelley-Wagner relembra. “Um rapaz que trabalhava lá correu e pediu desculpas pelo colega. Em uma outra ocasião, uma vendedora em uma livraria perguntou: ‘Ah, ela se parece com o pai biológico dela?”

Depois de se esquivar de perguntas e comentários inapropriados por tantos anos, Kelley-Wagner teve uma ideia. “Eu queria transformar essa situação em algo que pudesse ensinar as pessoas, principalmente porque eu não queria que as meninas guardassem tanta negatividade dentro delas.” Então, ela perguntou para suas filhas se elas concordavam em posar para fotos com os comentários escritos em quadros. “Elas toparam na hora”, ela conta. “A Lily até disse ‘Acho que as pessoas precisam saber o quanto elas são rudes’. Nós sentamos e fizemos uma lista das frases e eu fiquei surpresa com a quantidade de incidentes dos quais elas se lembravam, e eu não”. Kim intitulou o projeto de “Coisas que dizem sobre minhas filhas adotadas”, e em janeiro ela postou as fotos no Facebook. Essa semana o projeto começou a repercutir na internet e apareceu em outros blogs e sites.

Alguns vêem o projeto como abusivo. “Uma mulher comentou que meu projeto era um erro como mãe”, conta Kelley-Wagner. “Mas eu quero que as minhas filhas entendam o tamanho da ignorância do mundo, e que saibam como lidar com isso.” Ela admite que é difícil manter a calma, mas não quer que as meninas respondam com a mesma falta de educação das pessoas. Pelo contrário, ela quer que elas façam as pessoas refletirem. “Meu conselho para elas é sempre deixar o ofensor sem palavras”, ela diz.

Liliana está aprendendo. Recentemente, um casal abordou a família Kelley-Wagner e comentou: “Eu jamais amaria alguém que eu não tivesse dado à luz”, e Lily respondeu com sagacidade: “Ah, então seu marido saiu de você?”. “Eu não poderia ficar mais orgulhosa dela”, disse Kim.

Ela não acredita que as pessoas sejam cruéis de propósito, e sim que, na maioria dos casos, é simplesmente ignorância. “Eu acho que as pessoas têm curiosidade e não sabem como lidar com isso”, ela diz. “Felizmente, minhas filhas nunca questionaram o lugar delas na nossa família, e nunca se sentiram excluídas”.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

[Auditoria Cidadã da Dívida] A Raiz da Usurpação dos Recursos Públicos Deve Ser Cortada




Praticamente metade do orçamento federal vai para o pagamento da dívida. Esse é o motivo da falta de recursos para investimentos no Brasil. Acontece que essa dívida é em grande parte irregular e não deveríamos estar pagando.


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Maria Lucia Fattorelli coordena o movimento Auditoria Cidadã da Dívida | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Samir Oliveira

Auditora da Receita Federal durante 29 anos, Maria Lucia Fattorelli se dedica, desde 2001, à coordenação do movimento Auditoria Cidadã da Dívida. A organização vem buscando informações sobre a dívida pública brasileira e demanda a realização de uma ampla auditoria em seus contratos.
Para Maria Lucia, existe um “sistema da dívida” no Brasil. Nesta entrevista ao Sul21, ela explica que esse sistema foi orquestrado pelo aparato financeiro internacional com a anuência de diversos governos desde a ditadura militar.

“O sistema consiste na usurpação do instrumento de endividamento público. Em vez de ser um instrumento que aporta recursos ao Estado, passou a ser um ralo para escoar esses recursos. É esse sistema que influencia o modelo econômico. Quais são as metas econômicas do governo federal? Não são metas de bem estar social. São metas de controlar a inflação e atingir o superávit primário. Se não há recurso para pagar a dívida e atingir o superávit, então o governo corta o orçamento de diversas áreas”, critica.

A auditora aposentada foi uma das seis estrangeiras escolhidas pelo presidente do Equador, Rafael Correa, para realizar uma auditoria da dívida pública do país, em 2007. Com essa atitude, o Equador reduziu em 70% o gasto com a dívida. “Foi uma lição de soberania ao mundo”, defende Maria Lucia.

Ela esteve em Porto Alegre nesta semana para participar do XXII Congresso da Federação Nacional das Entidades dos Servidores dos Tribunais de Contas do Brasil (FENASTC).
“A dívida brasileira hoje, somando a externa e a interna, está em quase R$ 3,5 trilhões e absorve quase meio orçamento por ano. Em 2011, o governo pagou R$ 708 bilhões”
Sul21 – Como surgiu o movimento?

Maria Lucia Fattorelli - O movimento existe desde 2000, quando houve o grande plebiscito popular da dívida no Brasil. Esse plebiscito foi convocado por entidades da sociedade civil, igrejas, partidos políticos, sindicatos e associações. Foi realizado em mais de 3,3 mil municípios em todo o país e colheu mais de 6 milhões de votos. Em toda a década de 90, vínhamos debatendo esse assunto. Se o Brasil é tão rico, por que temos tantos problemas sociais? Chegamos à conclusão de que a mãe das dívidas sociais era a dívida externa. Na época, a face da dívida era a externa. O plebiscito que organizamos tinha três perguntas e uma delas era: “Você concorda em continuar pagando a dívida sem a realização da auditoria prevista na Constituição?”. A Constituição de 1988, no artigo 26 das disposições transitórias, prevê a realização de uma ampla auditoria por uma comissão mista convocada pelo Congresso Nacional. Terminado o plebiscito, entregamos os resultados para o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Passaram-se meses e não aconteceu absolutamente nada, então as entidades voltaram a se reunir para discutir o que fazer. Mais de 80 entidades nacionais e alguns parlamentares propuseram a continuidade da luta iniciada com o plebiscito através de um movimento pela auditoria cidadã.


“Qual tem sido o peso da dívida na vida do cidadão?”, questiona a auditora | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – Qual o objetivo do movimento?

Maria Lucia – Não queríamos ficar apenas cobrando a auditoria da dívida. Iríamos além. Iríamos tentar levantar o que fosse possível, com base em dados e documentos públicos. É o que temos feito ao longo desses 12 anos, acessando dados sobre a dívida pública da União, dos municípios e dos estados, sempre analisando o teor dos contratos e a sua conjuntura. Buscamos fazer uma auditoria integral, que não é simplesmente uma auditoria contábil. Comparamos dados divulgados pelo Ministério da Fazenda com os dados da contabilidade nacional, com a evolução do orçamento e com o peso da dívida no orçamento. Qual tem sido o peso da dívida na vida do cidadão? Com isso, conseguimos explicar porque o Brasil, sendo um dos países mais ricos do mundo, acumula tanta injustiça, tanta miséria e não oferece os serviços públicos aos quais a sociedade tem direito. Os recursos necessários para isso estão sendo sangrados pela dívida.

Sul21 – Quem são os profissionais que trabalham nessa auditoria?

Maria Lucia - É um movimento aberto. Tem mais de 50 entidades apoiadoras. E 99,9% dos que trabalham conosco são voluntários. Contamos principalmente com o trabalho voluntário de auditores da receita federal, dos tribunais de contas e das receitas estaduais, que doam seus conhecimentos para esta luta cidadã.

Sul21 – E que tipo de informações vocês já possuem sobre a dívida?

Maria Lucia - A dívida brasileira hoje, somando a externa e a interna, está em quase R$ 3,5 trilhões e absorve quase meio orçamento por ano. Ainda assim, a dívida continua aumentando. Em 2011, o governo pagou R$ 708 bilhões. Até início de outubro de 2012, já tínhamos atingido essa cifra. Em geral, o governo divulga uma cifra muito mais baixa do que essa, como se a dívida estivesse em torno de R$ 1,8 trilhão. Isso porque ele divulga a dívida líquida. É um conceito muito pouco claro em que se deduz alguns créditos da dívida bruta. O governo utiliza na dedução, por exemplo, o volume de reservas internacionais. Mas elas representam um ingresso quase nulo ao Brasil. Não dá para fazer esse encontro de contas. As reservas não estão disponíveis, se estivessem, poderíamos simplesmente reaver esse recurso e quitar uma parte da dívida, e isso não está sendo feito. A dívida que estamos pagando é bruta, é sobre ela que incidem os juros. Temos que tomar cuidado com essas maquiagens e conceitos que não são claros.
“Já não faz mais sentido falarmos, hoje, em dívida interna e externa. Precisamos falar em dívida pública ou dívida soberana, por conta da ausência de barreiras ao capital”
Sul21 – Afinal, o que compõe essa dívida?

Maria Lucia - Nosso endividamento nasceu junto com a “independência”. Para o que o mundo financeiro reconhecesse nossa independência, herdamos uma dívida que Portugal havia contraído com a Inglaterra para brigar contra a nossa independência. O valor era 3,1 milhões de libras esterlinas – na época, muito dinheiro. Em 1931, quando Getúlio Vargas assumiu, ele questionou o fato de haver tantas cobranças sem os respectivos contratos. Ele determinou que houvesse uma auditoria. O resultado foi impressionante: apenas 40% da dívida estava documentada. Não existia controle dos pagamentos, nem das remessas ao exterior. Isso permitiu o início de uma revisão e certamente ajudou na implantação dos direitos sociais garantidos naquele período. O período atual iniciou na década de 1970, quando a dívida externa era de US$ 5 bilhões. Durante essa década, esse valor se multiplicou por dez. Era algo totalmente sem transparência, e o que se dizia era que o crescimento da dívida ocorreu para financiar o “milagre econômico”. Em 2010, durante a CPI da Dívida, pedimos os contratos referentes à década de 1970. Apenas 16% da dívida estava explicada em contratos. Há uma grande suspeita de que boa parte desses 84% restantes tenha sido recursos que vieram justamente para financiar a ditadura. Imaginávamos que a maior parte dessa dívida era com o FMI. Mas, durante a CPI, fizemos um gráfico que mostra a natureza desses valores, de 1970 até 1994. O principal credor não era o FMI, mas, sim, os bancos privados internacionais. Então essa dívida da década de 1970 é a origem. Foi ela que deu margem a toda sequência de renegociações. Em 1983, por exemplo, essas dívidas foram transferidas para o Banco Central. Foi uma ilegalidade, pois como um agente financeiro nacional, ele não poderia ser, ao mesmo tempo, devedor. Isso foi uma exigência dos bancos privados. Em 1994, a dívida se transformou em bônus. Ela deixou de ser contratual e passou a se transformar em títulos, saindo do Banco Central para ficar a cargo do Tesouro Nacional. Hoje, a natureza desses R$ 3 trilhões de dívida é em títulos, tanto a externa quanto a interna. Restam pouquíssimos contratos de dívidas diretas e bilaterais com países.


Para Maria Lucia, conceitos de dívida externa e interna precisam ser revistos | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – A dívida interna inclui contratos internacionais?

Maria Lucia - Inlcui dívida com bancos internacionais. Já não faz mais sentido falarmos, hoje, em dívida interna e externa. Precisamos rever esses conceitos. Teoricamente, a dívida externa é aquela contraída em moeda estrangeira junto a residentes no exterior. A interna é aquela contraída em moeda nacional junto a residentes no país. Hoje, o mercado financeiro está dominando tudo. Quando o Tesouro Nacional emite títulos da dívida, quem tem o privilégio de comprá-los em primeira mão são os chamados “dealers”. Uma lista obtida com o Tesouro mostra quem são esses dealers: Citibank, J. P. Morgan, Santander, Barclays, Deutsche Bank, HSBC… Esses bancos estrangeiros compram diretamente os títulos da dívida interna. Então precisamos falar em dívida pública ou dívida soberana, justamente por conta dessas negociações e, também, por conta da ausência de barreiras ao capital. Grande parte da dívida interna está na mão de estrangeiros. E a dívida externa pode ser comprada por residentes no país, porque são meros papeis.

Sul21 – Nesse contexto, qual seria a utilidade de uma auditoria na dívida?

Maria Lucia – A auditoria iria verificar não apenas os números. Queremos entender qual é a contrapartida dessa dívida e em que condições ela se originou. Não podemos fazer um discurso moralista sobre o endividamento público, vendo a dívida sempre como algo perverso. A dívida pode e deveria ser um instrumento importante para o financiamento do Estado. Os recursos necessários para garantir uma vida digna a toda a sociedade e que não conseguirem ser obtidos por meio dos tributos poderiam ser captados por meio de endividamento. Mas um endividamento transparente, discutido publicamente – porque afinal quem vai pagar é povo – e a um custo razoável, com cláusulas contratuais coerentes. O que temos encontrado nas nossas investigações são quantias que se tornam dívida de um dia para o outro, cláusulas completamente absurdas, que afrontam o aparato legal brasileiro, e operações injustificadas.
“Dizem que se você enfrenta o sistema financeiro, o mundo desaba. E isso não aconteceu no Equador, o país não ficou isolado e continua tendo acesso a crédito”
Sul21 – Como foi a experiência de participar do processo de auditoria da dívida pública do Equador?

Maria Lucia - O caso equatoriano foi uma lição de soberania ao mundo. O presidente Rafael Correa criou, por decreto, uma comissão para realizar a auditoria da divida interna e externa. Foram nomeados integrantes dos órgãos públicos, juristas, professores, representantes de movimentos sociais e um grupo de seis estrangeiros. Eu tive a honra de ser convidada. Foi um processo que durou um ano e quatro meses. Entregamos ao presidente diversos relatórios para fins de organizar o trabalho. Uma equipe cuidou da dívida interna. Outra, da externa multinacional. Outra equipe cuidou da dívida bilateral. E um grupo – do qual eu fiz parte – ficou com os contratos com bancos. Entregamos em outubro de 2008 todos os relatórios e o presidente ficou particularmente interessado nos dados da dívida com os bancos, porque era a parcela maior, onde os juros eram mais caros. Conseguimos apresentar o relatório comprovando, com documentos, as diversas ilegalidades, irregularidades e até fraudes nesse processo. O presidente submeteu esse relatório ao crivo jurídico nacional e internacional e recebeu o aval de que o documento tinha sustentação jurídica. Em março de 2009, ele apresentou uma proposta soberana: arremataria a dívida por 30% do seu valor e estipulou um prazo para os detentores interessados entregarem seus títulos. Quem não estivesse interessado que entrasse na Justiça contra o Equador. Qual foi a grande surpresa? O mundo não caiu. Dizem que se você enfrenta o sistema financeiro, o mundo desaba. E isso não aconteceu no Equador. Cerca de 95% dos detentores acataram a proposta. Os outros 5% nunca apareceram. Ninguém entrou na Justiça contra o Equador. Isso demonstra que a auditoria é uma ferramenta que permite acessar a verdadeira história do endividamento. Depois dessa atitude, o Equador obteve um alívio orçamentário de US$ 7 bilhões, o que representa muito para a sua economia. E o país não ficou isolado, continua tendo acesso a créditos.


Maria Lucia foi a única brasileira a integrar o grupo de especialistas que realizou auditoria da dívida do Equador | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – E a dívida dos estados brasileiros com a União? Parece ser uma engenharia financeira bastante semelhante à da dívida nacional. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o empréstimo feito pelo governo federal foi de R$ 11 bilhões, em 1997. De 1999 a 2010, o estado já pagou R$ 22 bilhões e ainda continua devendo R$ 38 bilhões.

Maria Lucia - Pesquisamos a gênese desse acordo e constatamos que ele é muito parecido com os acordos que o FMI fazia com o Brasil. Há, inclusive, um memorando em que o Brasil se comprometia, junto ao FMI, a fazer o refinanciamento da dívida dos seus estados, retirando deles a prerrogativa de se autofinanciarem. Essa negociação estava associada a outros dois programas. Um deles era o PROES, que “saneava” os bancos públicos estaduais para que pudessem ser privatizados. Foi um verdadeiro pacote, igual aos pacotes que o FMI preparava para a União. Esses acordos foram feitos em bases extremamente onerosas e inaceitáveis, se consideramos que União e estados são entes federados. Um cidadão de Porto Alegre vive, ao mesmo tempo, na sua cidade, no seu estado e no seu país. E é ele quem paga essa dívida. Então, veja bem, não tem sentido o cidadão pagar juros para ele mesmo. É isso que acontece com essa dívida estadual: a União cobra juros dos estados. Esses contatos fracionaram os juros nominais. Isso possibilitou uma garantia de remuneração equivalente à atualização monetária, que é medida, nessa dívida, pelo IGPDI, um índice que mede a expectativa de inflação e considera questões cambiais – o que não faz sentido numa negociação entre entes federados. Que federalismo é esse?

Sul21 – A quais conclusões é possível chegar após a análise de todos esses dados?

Maria Lucia - Podemos dizer que existe um sistema da dívida. Ele consiste na usurpação do instrumento de endividamento público. Em vez de ser um instrumento que aporta recursos ao Estado, passou a ser um ralo para escoar esses recursos. É esse sistema que influencia o modelo econômico. Quais são as metas econômicas do governo federal? Não são metas de bem estar social. São metas de controlar a inflação e atingir o superávit primário. É tudo dirigido em torno da dívida, onde o sistema financeiro absorve a maior parte dos recursos. Se não há recurso para pagar a dívida e atingir o superávit, então o governo corta o orçamento de diversas áreas.


Informações do Tesouro Nacional apontam que maioria dos detentores de títulos da dívida brasileira são bancos internacionais | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – Como a senhora vê a articulação do poder político em torno desse sistema da dívida? Não parece haver interesse dos grandes partidos e lideranças na discussão desse problema.

Maria Lucia - Já conseguimos arrancar a CPI da Dívida em 2010 na Câmara dos Deputados. É evidente que isso foi abafado pela mídia, mas conseguimos acesso a muitos documentos. Atualmente, existe uma CPI semelhante na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Mas essas investigações sofrem forte pressão do setor financeiro, que tenta abafá-las. Por isso precisamos criar uma pressão popular do outro lado. Para que isso ocorra, a sociedade precisa ter acesso à informação. Queremos criar uma mobilização consciente e derrubar a ideia de que esse tema é muito complexo, de que só especialistas muito qualificados poderiam entendê-lo. Precisamos de especialistas em órgãos públicos, mas todas as informações são perfeitamente traduzíveis para o conjunto da sociedade. São os cidadãos que estão pagando essas contas, eles precisam entender a importância desse tema.

Fonte: http://www.sul21.com.br/jornal/ha-um-sistema-da-divida-publica-critica-maria-lucia-fattorelli/

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

[Vídeo] Escancarando a verdade sobre a copa do mundo no Brasil

Nesse rápido vídeo o jornalista traduz a minha visão sobre esse evento que só está servindo para as empreiteiras e os corruptos lucrarem às nossas custas.


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

[Indústria farmacêutica] Como funciona a liberação de medicamentos

Fonte: http://www.anovaordemmundial.com/2014/02/industria-farmaceutica-prestigiada.html

Prestigiada Editor de Revista Médica Acusou o FDA de Proteger os Fabricantes de Remédios

  • A FDA se recusa a divulgar resultados de pesquisas desfavoráveis em sua posse sem permissão da empresa patrocinadora

  • Todos os anos nos EUA 106 mil pessoas morrem como resultado direto da ingestão de medicamentos aprovados pela FDA.


Há sete anos, Marcia Angell, que por duas décadas foi editora de uma das mais famosas revistas médicas do mundo, o New England Journal of Medicine, escreveu um artigo bombástico para o Boston Globe  sobre a FDA (Agência de Drogas e Alimentos dos EUA), agência equivalente a nossa Anvisa aqui no Brasil, com graves acusações sobre a forma como os medicamentos são liberados pela agência.

O artigo era intitulado, "Retomando o  FDA" (26 de fevereiro de 2007).
Em seu livro, "Loucura da Medicação", Dr. Peter Breggin cita artigo de Angell

 A FDA também se recusa a divulgar resultados de pesquisas desfavoráveis em sua posse sem permissão da empresa patrocinadora... Não é de se admirar que as preocupações de segurança graves sobre drogas como Vioxx, Paxil e Zyprexa surgiram muito tarde na época — anos depois que elas já estavam em uso difundido.

Graves preocupações de segurança? Ataques cardíacos, derrames, suicídios, homicídios, etc.

O que é esta loucura burocrática que Marcia Angell está se referindo?

As empresas farmacêuticas produzem estudos humanos sobre as novas drogas antes destas serem apresentadas à FDA, que então decide sobre a aprovação das drogas para consumo público.

A FDA examina estes estudos. Mas aqui está a pegadinha. Uma empresa farmacêutica pode apresentar quatro estudos sobre uma nova droga à FDA. E a FDA pode optar por dar uma decisão favorável, com base em dois estudos.

Agora, alguém como Angell, enquanto ela estava editando o New England Journal, contacta a FDA e diz: "nós queremos ver todos os dados do estudo que você tem sobre esta nova droga. E não apenas os resultados mais positivos."

E a FDA recusaria. Por que? Porque estes estudos são "Propriedade" das companhias farmacêuticas, e essas empresas não querem que estes estudos vejam a luz do dia.

Esses são os ensaios clínicos humanos que revelam que ataques cardíacos, derrames e mortes são resultados reais para as pessoas que tomam a droga.

A FDA, incumbido de proteger o público, diz que não. "Não, você não pode ver os dados".

A coluna de Angell no Boston Globe foi uma bomba. Isso deveria ter provocado uma ação do Departamento de Justiça. Afinal de contas, pessoas tendo derrames e morrendo... e as empresas farmacêuticas e a FDA escondendo isto... se isso não é um crime, o que é?

Mas não. A revelação de Angell não foi a lugar nenhum. Ela foi publicada e afundou como uma pedra.

E as pessoas pensam, "bem, acho que não há realmente nenhum problema. Se fosse grave, o governo teria feito algo a respeito".

Errado. O governo não está aí para mandar farmacêuticos executivos e burocratas da FDA para a cadeia. Uma empresa farmacêutica pode ter que pagar uma multa e prometer se comportar, mas os lucros da droga assassina já estão no banco. Pagar uma multa de 2 bilhões de dólares? Trocados, quando a droga já fez US$20 bilhões em vendas.

Então, como Angell revela, temos uma definição escondida da ciência farmacêutica: "Ocultar os perigos, colocar a droga no mercado, ignorar a destruição humana e na pior das hipóteses, pagar uma multa."

A FDA escondendo e enterrando a verdade sobre as drogas médicas? Isso ajuda a explicar como,  todos os anos nos EUA 106 mil pessoas morrem como resultado direto da ingestão de medicamentos aprovados pela FDA.

Sim, 106 mil. Veja o artigo "A saúde dos EUA é realmente a melhor do mundo?" (em inglês), da Dra. Barbara Starfield, Jornal da Associação Médica Americana - JAMA, 26 de julho de 2000. Suas estatísticas foram uma estimativa conservadora.

Em uma das últimas entrevistas (2009) que ela fez antes de morrer, Dra. Starfield disse-me que era isto mesmo. Ela comentou que estudos posteriores relataram taxas de morte ainda mais elevadas dos efeitos do sistema médico americano.

Este é o trabalho da FDA. Esta é a agência federal cujo sonho molhado é limitar o acesso das pessoas aos suplementos nutricionais, que causam praticamente 0 mortes.


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E ninguém seja ingênuo de achar que no Brasil é diferente. A Anvisa já demonstrou por várias vezes que os interesses da Indústria Farmacêutica está em primeiro lugar. Existe um protecionismo constante das agências reguladores sempre diminuindo os riscos e aumentando uma suposta segurança dos medicamentos e vacinas.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Monsanto e demais empresas multinacionais fabricantes de transgênicos pretendem ter o controle mundial sobre a produção de alimentos

http://www.anovaordemmundial.com/2014/01/povos-em-luta-contra-a-monsanto.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+UmaNovaOrdemMundial+%28Uma+Nova+Ordem+Mundial%29


Monsanto e demais empresas multinacionais fabricantes de transgênicos pretendem ter o controle mundial sobre a produção de alimentos, monopolizando a distribuição de sementes e controlando não apenas a comida, mas também a fonte de renda dos agricultores. No entanto, povos de diversos países lutam para combater o crescimento desenfreado da Monsanto.



Parem a fábrica de sementes mutantes!

A Monsanto fabrica sementes transgênicas que estão dominando cada vez mais o nosso planeta. Quando combinadas com pesticidas tóxicos, criam as devastadoras monoculturas, onde nada mais cresce, apenas uma única planta. Agora, eles planejam construir uma das maiores fábricas de sementes transgênicas do mundo, em Córdoba, na Argentina.


A mega-fábrica utilizará produtos químicos tóxicos para criar sementes, o que soa estranho porque as sementes devem vir de plantas, certo? Não no assustador novo mundo da Monsanto, onde as plantas são geneticamente projetadas para serem estéreis e a única maneira dos agricultores manterem o plantio de alimentos é através da compra de novas sementes, a cada ano, da mesma Monsanto! Nos EUA, até 90% de alguns tipos de culturas são plantadas com sementes da Monsanto, e com sua nova mega-fábrica, na Argentina, a empresa estará ampliando seu infame poder sobre o mundo.

A fábrica de transgênicos da Monsanto é repudiada pelos moradores da região onde está sendo instalada. Preocupados com os riscos a saúde, a população se mobilizou para barrar a fábrica, sendo violentamente reprimida, com casos denunciados internacionalmente de moradores que foram espancados e receberam ameaças de morte depois de se juntarem as manifestações, o que desencadeou campanha internacional em solidariedade ao povo das Malvinas Argentinas e contra a Monsanto.


A Monsanto é hábil em minar a governânca democrática. Eles até aprovaram uma lei nos EUA que diz que um juiz não pode ordenar um recall de produtos da Monsanto, nem mesmo por razões de segurança pública! Nosso planeta está sendo rapidamente transformado por transgênicos e a agricultura industrial e nossos governos são fortemente influenciados pela megacorporação capitalista norte-americana no centro de tudo, uma empresa predatória que está gradualmente controlando a oferta de alimentos do mundo.


Não vamos deixar forçarem os nossos filhos e netos a viver em um mundo alimentado exclusivamente pela Monsanto, quando podemos parar agora. Vamos parar a invasão da Monsanto na América do Sul e começar a reverter a devastação causada em nossos ecossistemas por seus produtos.


Argentinos marcham contra a Monsanto

Era uma vez donas de casa, comerciantes e funcionários municipais de um tranquilo povoado no centro da Argentina. Até que chegou a Monsanto, a corporação norte-americana de biotecnologia. Inventora do herbicida glifosato e uma das principais fabricantes de sementes geneticamente modificadas do mundo, a Monsanto constrói uma de suas “maiores” unidades para acondicionar sementes de milho nas Malvinas Argentinas, município de 15 mil habitantes que fica 17 quilômetros a leste da capital da província de Córdoba.


A unidade começaria a funcionar e março de 2014, mas a obra foi paralisada em outubro em meio a protestos e demandas judiciais dos moradores, que desde 18 de setembro mantêm bloqueado o acesso ao local. No dia 30 de novembro de manhã, a guarda de infantaria chegou ao lugar, como mostra vídeo publicado no Facebook, e escoltou a saída de vários caminhões que haviam entrado à força no dia 28, quando membros do sindicato da construção irromperam no acampamento de moradores tentando vencer o bloqueio, o que deixou mais de 20 feridos.




Menino participa da marcha que seguiu da praça central de Malvinas Argentinas até o prédio bloqueado onde a Monsanto tenta construir uma unidade


Os moradores não gostam de ser definidos como ambientalistas nem que lhes atribuam bandeiras partidárias. Na maioria são mulheres. Nas Malvinas Argentinas todos conhecem alguém com problemas respiratórios ou alergias que coincidem com fumigações sobre os campos de Córdoba, uma das maiores produtoras de soja transgênica deste país. Denúncias de médicos também citam casos crescentes de câncer e malformações congênitas. Porém, tudo era suportado com estoicismo até que chegou a Monsanto.

Participo por medo da doença e da morte”, explicou ao Terramérica María Torres. “Meu filho já está doente e se vier a Monsanto será pior”, acrescentou enquanto caminhava em meio a uma manifestação que esta jornalista acompanhou em meados de novembro. Seu filho, de 13 anos, ficou em casa com sinusite e hemorragia nasal. “Malvinas é um povoado com muita gente com os mesmos sintomas”, lamentou.

A maioria das fumigações é feita com Roundup, marca comercial do glifosato produzido pela Monsanto. Segundo a Rede Universitária de Meio Ambiente e Saúde – Médicos de Povoados Fumigados, a fumigação atinge quase 22 milhões de hectares plantados com soja, milho e outros cultivos transgênicos em 12 províncias argentinas, em cujos povoados vivem cerca de 12 milhões de pessoas. Eli Leiria também participa do protesto. Ela sofre problemas como perda de peso. Os médicos encontraram glifosato em seu sangue. “Dizem que é como se um tornado tivesse passado pelo meu corpo”, contou.

O biólogo Raúl Montenegro, da Universidade Nacional de Córdoba e premiado em 2004 com o Right Livelihood Award (Prêmio Nobel Alternativo), disse ao Terramérica que não há monitoramentos oficiais de morbidade e mortalidade para comprovar se as crescentes enfermidades observadas pelos médicos são efeito dos pesticidas. Tampouco existe controle adequado da presença de pesticidas no sangue, e nem um monitoramento ambiental que detecte esses resíduos em caixas de água, por exemplo, acrescentou Montenegro, presidente da Fundação para a Defesa do Meio Ambiente.

Essas circunstâncias convertem a Argentina, e, “ao seu modo, também o Brasil”, em “paraíso” para empresas como a Monsanto, afirmou Montenegro. As entidades do Estado que autorizam o uso de pesticidas se apoiam “em sua maior parte em aspectos técnicos fornecidos pelas próprias empresas”, acrescentou.

A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, criou em 2009 a Comissão Nacional de Investigação sobre Agroquímicos, para investigar, prevenir e tratar seus efeitos na saúde humana e ambiental. Mas o país também é um “paraíso” dos transgênicos, cuja autorização depende de “informação técnica fornecida principalmente pelas corporações biotecnológicas”, ressaltou Montenegro.

Uma unidade produtora de transgênico “não é uma fábrica de pão… fabrica veneno”, disse o professor Matías Marizza, da Assembleia Malvinas Luta pela Vida. Montenegro questiona o fato de a Secretaria de Meio Ambiente de Córdoba autorizar a construção sem ter contemplado a análise de uma comissão interdisciplinar independente. O processo dos transgênicos envolve “pesticidas externos”, como os que são fumigados, e pesticidas que “saem de dentro” das sementes, como a proteína a inseticida CrylIAb produzida pelo próprio milho MON 810, explicou o biólogo.

Cada grão desse milho tem entre 190 e 390 nanogramas desse componente, cujos impactos na saúde e na biodiversidade não estão claros. “No Canadá foram registradas mulheres grávidas e não grávidas que tinham proteína inseticida no sangue”, destacou Montenegro, o que contradiz a explicação da Monsanto: que essas proteínas são anuladas no aparelho digestivo.

Segundo um documento da Rede Universitária, as sementes da unidade de Malvinas Argentinas serão impregnadas de substâncias como propoxur, deltametrina, pirimfos, tryfloxistrobin, ipconazole, metalaxyl e, sobretudo, clotianidina, um inseticida proibido na União Europeia. Até agora, as instalações estão bloqueadas por cinco acampamentos, onde homens e mulheres – algumas com seus filhos – se alternam para impedir a entrada de caminhões.

Daniela Pérez, mãe de cinco filhos, contou ao Terramérica que este “era um povoado tranquilo”, onde as pessoas se queixavam apenas de problemas como falta de pavimentação. “Agora, o que está em jogo é a saúde das crianças. Nos dá uma impotência, não há ninguém que nos defenda”, afirmou.

Soledade Escobar tem quatro filhos que vão a uma escola localizada perto da plantação da unidade da Monsanto. “Me preocupam os silos e os produtos químicos que usam. Com a mudança de clima em Córdoba temos vento o ano todo e o colégio está ao lado, eu moro em frente”, afirmou. “Não é certo o que dizem a televisão e os jornais de que há partidos políticos entre nós… a maioria é de mães que têm medo por seus filhos”, acrescentou Beba Figueroa.

Elas asseguram que muitos moradores não participam por medo de perder seus empregos municipais e ajudas sociais. A manifestação que o Terramérica acompanhou desde a praça do povo até o acampamento tinha clima festivo, ao ritmo de refrões do carnaval rioplatense, muito diferente da tensão e da violência que aconteceriam dias depois. Como outros moradores deste bairro operário, Matías Mansilla, sua mulher e seu bebê saem à porta de uma casa humilde para ver “o carnaval pela vida”. Mansilla não participa, mas apoia a causa “pelas doenças que há em outros cantos”.

Uma pesquisa feita por duas universidades e pelo Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas revelou que 87% dos entrevistados do povoado querem uma consulta popular para decidir e 58% rechaçam a unidade da Monsanto. Nem o governo da província nem a empresa responderam ao pedido de entrevista do Terramérica.

Em vários textos publicados em seu portal, a Monsanto se diz comprometida com a “agricultura sustentável”. Um comunicado divulgado em setembro afirma que a obra conta com as “aprovações correspondentes” do Conselho Deliberante de Malvinas Argentinas, e que o Estudo de Impacto Ambiental está em análise no governo provincial. A Monsanto repudiou as “campanhas sujas que manipulam a informação técnica para criar medo” e “as mentiras, em nome do ambientalismo, que mascaram interesses espúrios”.

Em abril, o Tribunal Superior de Justiça provincial desqualificou um pedido de medida cautelar apresentado pelos moradores para suspender a obra. E nos dois últimos meses a repressão policial não faltou, e tampouco as ameaças. Malvinas Argentinas é parte de um movimento que cresce em diferentes lugares do mundo contra a Monsanto. Nesse povoado os protestos chegaram a reunir oito mil pessoas, segundo Marizza. Não é para menos, afirmou: “Temos o monstro em cima”.

Justiça argentina suspende construção de nova fábrica da Monsanto




 As atividades da Monsanto despertam polêmicas em todo o mundo, em função das denúncias sobre os danos à saúde e impactos ambientais.

A Justiça argentina ordenou a suspensão imediata da construção de uma nova fábrica de sementes da multinacional Monsanto na região de Córdoba. Uma corte de apelação local aceitou um recurso protocolado por ambientalistas e vizinhos da futura indústria, paralisando as obras até que um estudo de impacto ambiental seja apresentado. A empresa norte-americana já afirmou que vai recorrer da decisão.

"Prestamos uma queixa criminal para informar os promotores de certas irregularidades e violações à lei ambiental que ocorreram no coração do Ministério do Meio Ambiente, que está envolvido na concessão de autorizações ao projeto", afirmou o advogado Raúl Montenegro, autor do recurso. Com cartazes de "Basta de saque e contaminação", manifestantes de entidades ambientalistas fizeram vigília em frente à sede do tribunal para protestar contra a empresa.

A Monsanto, por sua vez, defendeu-se das acusações. "Consideramos legítimo nosso direito de construir, pois cumprimos com todos os requerimentos legais e obtivemos a autorização para a obra de acordo com a regulamentação vigente", afirmou a empresa, em comunicado. A principal atuação da Monsanto se dá no setor agrícola, fabricando produtos químicos, herbicidas e sementes — muitas delas transgênicas.

A ordem judicial impede que o governo regional de Córdoba, a 650 quilômetros a capital Buenos Aires, autorize a Monsanto a construir no local sem a conclusão do estudo ambiental. A fábrica a ser construída pela Monsanto prevê a ocupação de 27 hectares de terreno.

Desde setembro de 2013, os manifestantes já vinham realizando protestos e tentando na Justiça argentina bloquear a construção da nova fábrica de sementes.

As atividades da Monsanto despertam polêmicas em todo o mundo, em função das denúncias sobre os danos à saúde, os impactos ambientais e a incerteza sobre os efeitos da alteração genética de suas sementes.

No Brasil, a multinacional também está envolvida em processos judiciais bilionários a respeito da cobrança de royalties sobre as sementes de soja transgênica, amplamente utilizada em todo o país.



Acordo comercial ampliará poder da indústria de transgênicos no mundo

A indústria multinacional de agricultura e biotecnologia Monsanto está prestes a mudar os rumos da produção e comercialização de sementes. Baseada no Acordo de Associação Transpacífico (TPP), um grande projeto de livre comércio que inclui 12 países, entre eles Chile, Peru e México, a empresa pode recorrer às leis do acordo para ter livre a rotulagem de alimentos transgênicos, limitando o plantio e a comercialização apenas para a empresa.

De acordo com o TPP, cujos integrantes somam 40% do PIB mundial, um padrão global de empresas será criado sobre os governos dos países envolvidos por meio de um sistema de tribunais. Esses tribunais poderão limitar, por exemplo, o acesso a medicamentos genéricos baratos em favor de medicamentos de marca, e permitir que empresas de cigarro processem governos por regulamentações na área da saúde.

Baseada nisso, a Monsanto pretende ter o controle corporativo do mundo de alimentos, saúde e meio ambiente. De todos, o fator preocupante é o do alimento. Se o controle global for efetivado, sementes que antes eram distribuídas igualitariamente serão distribuídas por apenas algumas corporações transnacionais, controlando não apenas a comida, mas também a saúde e a fonte de renda dos agricultores.

Outro fator preocupante são os produtos transgênicos, que também são defendidos pela Monsanto. A modificação genética mais preocupante envolve insensibilidade a herbicidas à base de glifosato (produtos químicos que matam plantas ditas "daninhas”). Muitas vezes conhecido como Roundup, o produto mais vendido da Monsanto, glifosato envenena tudo em seu caminho, exceto plantas geneticamente modificadas para resistir a ele. O glifosato é um parceiro essencial para os organismos geneticamente modificados, que são o principal negócio da indústria de biotecnologia a expansão.

Uma campanha está coletando assinaturas na Internet para impedir a investida corporativa deste mega-negócio antes que a Monsanto abra sua champanhe. Segundo os organizadores, três países estão hesitantes e se eles desistirem, todo o acordo irá por água abaixo. Por isso querem enviar um enorme e forte apelo para líderes do Chile, Nova Zelândia e Austrália.

Campanha defende a soberania e a segurança alimentar do Brasil

Um projeto de Lei, o (PL) n° 268/2007 de autoria do deputado Eduardo Sciarra (PSD/PR) ameaça a soberania e a segurança alimentar e nutricional do Brasil. Promovedor da comercialização de sementes conhecidas como ”terminator”, o projeto permitirá a produção e comercialização de sementes transgênicas suicidas, ou seja, sementes que após a colheita não voltam a germinar, obrigando os agricultores a comprar sementes a cada safra. Essas sementes, além de serem estéreis, possuem alto risco de tornar também estéreis as que estejam sendo cultivadas em propriedades próximas.

Leia mais:



[PL 268/2007] Transgênicos: Deputados Querem Liberar Sementes Terminator no Brasil



No Dia Mundial da Alimentação, representantes das organizações e movimentos que apoiam a campanha entregaram uma petição e todas as assinaturas ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, deputado Décio Lima. Dentre os apoiadores, estão: ActionAid Brasil, ANA – Articulação Nacional de Agroecologia, AS-PTA, Centro Ecológico, Centro Sabiá, CONTAG, Cooperativa AECIA, Cooperativa Econativa, CTA – ZM, FASE - Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional, FBSSAN - Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, FESANS/RS, Grupo ETC, GEA - Grupo de Estudo em Agrobiodiversidade, Movimento dos Pequenos Agricultores, MMTR-NE, MST, Multirão Agroflorestal, Plataforma Dhesca Brasil, Rede de Mulheres Negras para Segurança Alimentar, Rede Ecovida de Agroecologia, Terra de Direitos e Via Campesina Brasil.


Fontes:
- Rede Democrática: Povos em luta contra Monsanto
- Envolverde: Teramérica – Argentinos versus Monsanto
- Portal Vermelho: Justiça argentina suspende construção de nova fábrica da Monsanto